Estava na Biblioteca Pública do Paraná procurando por livros de poesia do Paulo Leminski (eles são realmente escassos hoje em dia), quando decidi pegar qualquer outro livro de poesia de autor brasileiro aleatoriamente, e assim me deparei com esse livro. Marinheiro no tempo e Construção no caos de Fernando Mendes Vieira. e desse livro eu quero deixar duas poesias. A primeira fala sobre o mar e a praia no contexto da poesia (tema constante nos textos de Vieira), e a segunda sobre a infância.
PS: procure no Google o que é pandorga e entenda o poema ;)
PALAVRAS NA AREIA DA PRAIA
Fernando Mendes Vianna
O mar vem de tão longe!
Sua fúria
cansada chega.
Sua voz,
velada.
Assim o poema
— espuma.
A palavra é praia,
limite fatal.
Só no alto mar
a poesia vive.
A PANDORGA
Fernando Mendes Vianna
Esqueleto de pandorga
nos fios da vida...
Ah, mortífera rêde prática,
suspensa sôbre a infância!
A rêde das utilidades
(tão inútil ante o silêncio)
aprisiona o lirismo.
O poema tenta a fuga,
pandorga ressuscitada.